GREVE NO MINISTÉRIO DO TRABALHO EM SETE LAGOAS JÁ PASSA DE 15 DIAS

 Completando nesta semana 15 dias de paralisação, os agentes administrativos do Ministério do Trabalho, localizado na Rua Paulo Chacim, permanecem em greve mesmo após um encontro realizado nessa quarta-feira em Brasília, onde a categoria mais uma vez discutiu as atuais condições de trabalho dos funcionários.

Luciene Silva conta que desde o dia 13, dia em que a greve foi anunciada, ela vai ao Ministério em busca de um pedido de desligamento da empresa onde trabalhava, mas que sempre escuta a mesma história. Ela conta que por diversas vezes chegou a ficar esperando pelo atendimento mas que não havia ninguém para lhe orientar. “É um absurdo isso, não posso ficar sem a minha documentação porque já tenho outro emprego em vista a corro o risco de perdê-lo”, admite.

Quem também foi pego de surpresa foi o mecânico Ramon Soares, que pelo segundo dia consecutivo, foi ao local em busca de uma orientação para um amigo que veio de Porto Alegre e que agora vai trabalhar na cidade. Ramon relata no primeiro dia chegou a chamar diversas vezes, mas que ninguém respondeu nem realizou o atendimento. “Tenho medo de que ele não consiga resolver o problema a tempo e que perca o emprego, o que é um absurdo. Ele (o amigo) me disse que se não conseguir resolver o problema a tempo terá que viajar para Porto Alegre em busca de uma solução”, explica Ramon.
Maria Aparecida Guimarães, Gerente do Ministério do Trabalho, explica que apesar de o órgão ter ciência da importância do serviço e os prejuízos que a greve poderá causar a população, o piquete é de extrema importância para que a classe possa obter melhores condições de trabalho, principalmente em Sete Lagoas. A gerente informa também que alguns serviços estão sendo feitos em caráter emergencial para que os efeitos para a população sejam reduzidos. “Nós estamos lutando pelos direitos básicos para que a gente possa dar melhores condições aos usuários dos serviços oferecidos pelo Ministério”, explica Maria.

No Ministério do Trabalho há 27 anos, Maria Aparecida relata que além dos problemas citados pela colega de trabalho, existem problemas estruturais da cidade, que acabam dificultando o atendimento à população. “Há 12 anos nós atendemos neste local que é uma casa que não tem um sistema correto de refrigeração nem um espaço adequado para receber as cerca de 600 pessoas que passam pelo local diariamente”, explica a gerente.

A também funcionária do Ministério, Valquíria Carvalho conta que a greve tem como objetivo a aprovação do plano de cargo, maior remuneração dos agentes administrativos e melhores condições de trabalho. Valquíria relata que a greve é reflexo da pouca valorização do executivo dentro do país, tendo em vista que os mesmos recebem salários bem inferiores a outras classes. “A gente quer negociar com o governo, porque em outros lugares como o Ministério da Presidência, o cargo mais alto pode chegar a receber até R$1.800,00 a mais, quanto no Ministério do Trabalho à variação é de só R$300,00”, explica Valquíria.  
Valquíria relata também que a insatisfação dentro do órgão é grande e que 9 funcionários da cidade já deixaram de trabalhar no local. “Eu mesma estou estudando para sair daqui, porque eu não quero trabalhar a vida inteira em um lugar onde eu não sou valorizada”, desabafa. Ainda de acordo com Valquíria representantes do sindicato da categoria tentarão nesta semana uma audiência com o governo para tentar resolver a situação.